A ideia de escrever o Rima das Minas veio de uma junção de ideias. Eu precisava escrever uma série para treinar a escrita e, como eu havia passado quase um ano como assistente de roteiro no Coisa Mais Linda, onde o escrever os roteiros não é tarefa principal, quis aliar a experiência adquirida na série junto com a necessidade de treinamento contínuo da escrita.
A ideia veio da vontade de escrever para adolescentes. Na época, eu participava de uma ONG, onde a gente passava um sábado do mês com eles. Nesses encontros, a gente procurava entender os adolescentes, conversar sobre temas como “o que é respeito”, “feminismo”, “dignidade”, organizávamos palestras e dinâmicas para falar sobre preconceitos, minorias, e visávamos uma formação mais humanística de todos nós. Eu nunca achei que adolescente nenhum precisava da minha companhia, era eu mesma que queria a deles. E, mesmo sem eles precisarem, guardo com muito amor o dia em que uma menina me deu um abraço apertado de despedida depois que passei a tarde toda encorajando-a a ir na frente da sala falar a opinião dela para a turma toda. Tava aí uma coisa que precisava ser feito numa escala maior.
Além disso, fazia pouco tempo que uma amiga havia me apresentado o Slam. Ela tinha participado do documentário “Slam: Voz de levante” e a partir daí eu fiquei encantada. Eu, que sempre escrevi poesias desde a adolescência, senti que o Slam era tudo que eu queria ter conhecido na minha adolescência, porque as pessoas sobem num palco e dizem em voz alto a sua poesia. Eu fiquei e fico maravilhada com tamanha coragem que essas pessoas têm de falar para todos sobre seus mais profundos sentimentos. A partir disso, comecei a pensar sobre uma série adolescente, que tivesse Slam e incentivasse os jovens, principalmente as meninas, a escrever e conhecer sobre outros poetas, mas acima de tudo, que incentivasse a falarem sobre seus sentimentos.
Depois de vivenciar alguns Slams, conversar com poetas, escrever poesias e assistir referências do que eu buscava, comecei a desenvolver o “Rima das Minas” (que antes se chamava “Versos”). Na época, eu morava perto de uma biblioteca que coincidentemente, era uma biblioteca especializada em poesia. Que lugar perfeito para escrever. Ia quase todos os dias para lá e consegui desenvolver a bíblia e o piloto da série.
Inscrevi o projeto em rodadas de negócios e em festivais de roteiro. Hoje em dia, tenho um contrato com a Paris Produções e estamos apresentando o projeto para players como Globoplay, HBOMax, Paramount+, Disney+, entre outros. Além disso, o piloto foi semifinalista do concurso de roteiros do Festival Cabíria em 2021. Dedos cruzados para os próximos passos e que a série consiga inspirar e descobrir novas poetas!
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